Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) conduzirá, na comissão, a análise da denúncia
do Ministério Público Federal contra o presidente Michel Temer; ao G1, Pacheco
criticou a troca de integrantes do colegiado.
Por
Bernardo Caram, G1, Brasília
O
deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) durante sessão da Comissão de Constituição e
Justiça (Foto: Billy Boss / Câmara dos Deputados)
O presidente da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG),
afirmou nesta terça-feira (27) que não vai aceitar "interferência" do
governo na tramitação da denúncia oferecida pelo
Ministério Público Federal contra o presidente Michel Temer.
ESPECIAL
G1: TEMER NA MIRA DA JUSTIÇA
Ao G1, Pacheco fez críticas à troca de integrantes da
comissão, como já começou a acontecer, e disse que escolherá um relator com
"relativa independência" para o caso.
A denúncia
contra Temer, enviada nesta segunda (26) pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, precisa do aval da Câmara para
seguir para o STF. Primeiro, a CCJ formulará um parecer recomendando a
continuidade ou o arquivamento do processo. Em seguida, a denúncia será votada
pelo plenário.
"Não
vou aceitar interferência do governo nesse assunto, nem para a escolha do
relator, nem para a condução dos trabalhos."
"Minha
condução será feita com isenção, independência e serei escravo do regimento da
Câmara e dos princípios do direito", acrescentou.
Questionado
sobre o fato de ser do mesmo partido de Temer, Pacheco diz que isso não é
"nenhum constrangimento".
'Relativa independência'
Como presidente
da CCJ, Rodrigo Pacheco será o responsável por indicar um relator, que irá
elaborar o parecer sobre a denúncia, recomendando a aceitação ou rejeição.
Segundo Pacheco, a escolha será feita assim que a denúncia chegar à comissão.
Não há prazo estabelecido.
"Assim
que chegar a denúncia, nós vamos designar um relator com perfil técnico,
conhecimento jurídico, com relativa independência, além de assiduidade na
comissão. É bom que seja um advogado".
Troca de integrantes
Na avaliação de
Pacheco, a troca de integrantes da comissão provoca "distorção" nos
trabalhos. Nesta segunda, pouco antes de Janot oferecer a denúncia, o Solidariedade retirou
da vaga de titular da CCJ o deputado Major Olimpio (SP),
crítico de Temer. Ele foi substituído por Áureo (RJ), líder do partido.
"Há uma
distorção. É um procedimento, na minha visão, equivocado, mas é uma
prerrogativa de cada um dos líderes dos partidos. Eu sou contra, porque acho
que um deputado não pode ser retirado de uma comissão da qual ele faz parte por
conta da posição dele em relação a um determinado tema", afirmou.
Denúncia fatiada
A expectativa
no mundo político é que Rodrigo Janot ofereça denúncias sobre Temer de forma
fatiada, tratando fatos e possíveis crimes separadamente. Para aliados do
governo, esse formato deixa Temer e a Câmara mais expostos.
Rodrigo Pacheco
avaliou ser possível que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
interprete um artigo do regimento da Casa de forma a agrupar todas as denúncias
em uma só e, assim, permitir uma análise única.
"Não há
precedentes com relação a denúncias contra presidente, mas existe o fenômeno da
apensação, previsto no regimento em relação a proposições legislativas. Talvez
seja admissível fazer, por analogia, a apensação dessas denúncias para exame
único na Câmara. Eu, particularmente, acho que cada denúncia deveria merecer um
juízo próprio de admissibilidade pela Câmara", disse.
Segundo Rodrigo
Pacheco "tudo indica" que a CCJ deixará a "defesa técnica"
de Temer se manifestar durante os trabalhos.
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